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Para analistas, indicação de ajuste parcial no juro é ponto chave da decisão

O Banco Central deve atuar conforme o script e elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, em linha com a comunicação oficial desde o encontro de março. Essa é a aposta da ampla maioria dos economistas de mercado, de acordo com pesquisa conduzida pelo Valor com 98 instituições financeiras e consultorias. Desse total, 96 projetam que a Selic sairá dos atuais 2,75% e alcançará 3,50% na semana que vem, enquanto apenas duas casas estimam uma elevação maior do juro básico, de 1 ponto percentual, para 3,75%.

Embora exista quase um consenso sobre o resultado da reunião, há divergências quanto à comunicação da autoridade monetária, em particular sobre a indicação de uma normalização parcial. Diante dos sinais dados pelo BC até o momento, a mediana das projeções coletadas aponta para uma taxa de 5,50% no fim deste ano, abaixo, portanto, do que seria considerado o nível neutro de juros.

Enquanto isso, a precificação de Selic na curva de juros chegou a indicar alta superior a 1 ponto percentual para maio desde a última reunião do Copom, mas apostas mais agressivas perderam fôlego e o mercado projetava, nesta quinta, 95% de chance de uma alta de 0,75 ponto. Nas opções de Copom, a precificação era semelhante: 93% de possibilidade de elevação de 0,75 ponto na Selic na semana que vem e 5% de chance de uma alta de 1 ponto.

Para o fim do ano, a curva de juros precifica a Selic um pouco acima de 6%, o que indicaria um nível de juros próximo do nível neutro já em 2021. “Parece exagerado o que está na precificação do mercado”, aponta a economista Priscila Deliberalli, do Safra.

Para ela, o cenário menos aquecido que se desenha para a atividade econômica é condizente com um ajuste apenas parcial da política monetária. “Não achamos que o segundo semestre será tão vigoroso assim. A recuperação será muito modesta”, afirma. O Safra, inclusive, revisou recentemente sua projeção para o PIB deste ano de 3,2% para 3,0% e também passou a esperar expansão menor em 2022.

BY ALEXSANDER QUEIROZ SILVA
Fonte: Valor Investe

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