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17/02/2021 Promover a educação financeira da população é um objetivo comum de muitos países, por diversas razões: crescente oferta de produtos e serviços financeiros, maior longevidade da população, novas tecnologias financeiras etc. A recente pandemia mundial apenas reforçou essa necessidade, especialmente para os mais jovens, que irão, em muitos países, enfrentar uma realidade financeira muito diferente da de seus pais

Como está a Educação Financeira dos jovens brasileiros? Uma análise a partir do PISA

17/02/2021

Promover a educação financeira da população é um objetivo comum de muitos países, por diversas razões: crescente oferta de produtos e serviços financeiros, maior longevidade da população, novas tecnologias financeiras etc. A recente pandemia mundial apenas reforçou essa necessidade, especialmente para os mais jovens, que irão, em muitos países, enfrentar uma realidade financeira muito diferente da de seus pais. A OECD recomenda, inclusive, que a educação financeira comece o mais cedo possível, na escola, contribuindo para formar uma sociedade, no futuro, com um bem-estar financeiro de maior qualidade. Entender conceitos financeiros, conhecer características, riscos e oportunidades de produtos e serviços financeiros, saber gerir suas finanças pessoais, entre outras competências, integram um conjunto básico de capacidades necessários a todo cidadão.

Nesse particular, um instrumento que nos dá um quadro confiável e detalhado do letramento financeiro da população jovem é o PISA (Programme for International Student Assessment). O PISA é um survey trienal que avalia as habilidades de estudantes de diversos países para a participação na vida econômica e social. Nos fornece dados sobre as habilidades dos estudantes em leitura, matemática e ciências, e também em áreas inovadoras, como resolução de problemas, competências globais e pensamento criativo.

Na Conferência de Estudos Comportamentais e Educação do Investidor de 2020, a keynote speaker Chiara Monticone apresentou os dados de educação financeira do PISA publicados em 2018, com ênfase nos resultados do Brasil. Chiara é analista sênior de políticas na unidade de Educação Financeira e Proteção ao Consumidor da OCDE, onde coordena o trabalho da Rede Internacional de Educação Financeira.

Esta publicação foi escrita com base nos dados apresentados por Chiara, ilustrando o panorama da educação financeira dos jovens brasileiros. O PISA pode ser acessado na íntegra aqui.

A OCDE define a Educação Financeira como: “o conhecimento e o entendimento de conceitos financeiros e riscos, e as habilidades, motivação e confiança para aplicar esse conhecimento”.

Os conteúdos avaliados pelo PISA foram:

  • Dinheiro e transações financeiras
  • Planejamento e manejo das finanças
  • Risco e recompensa
  • Aplicação e entendimento de conceitos

117 mil estudantes participaram do Pisa, representando 13,5 milhões de jovens de 15 anos dos países abaixo:

Dos 20 países avaliados, o Brasil foi o 17º colocado na pontuação geral. Ainda assim, a performance dos jovens brasileiros aumentou em 27 pontos entre o PISA de 2015 e 2018.

GÊNERO

Na maioria dos países, observa-se uma diferença significativa na performance entre meninos e meninas. Não é o caso do Brasil: a diferença na performance de meninos e meninas não é significativa. No entanto, há diferença em outros campos. Há uma diferença na probabilidade de meninos terem feito compras online em comparação com as meninas (58,5% dos meninos reportam já terem feito compras online, contra 44,8% das meninas, diferença de 13,7 pp) e realização de pagamentos através de celular (39,9% dos meninos já fizeram, contra 27,9% das meninas, diferença de 12 pp). Também há diferenças no quanto gostam de falar de dinheiro e quanto acham dinheiro relevante para si mesmos no momento, com meninos pontuando mais nos dois tópicos.

CLASSE SOCIAL

Em todos os países, estudantes de classes econômicas mais altas tem uma performance melhor que os de classes mais baixas. No Brasil, essa diferença é de 98 pontos. É o quinto país com maior disparidade entre as classes dos estudantes. Também há uma disparidade entre jovens mais ricos e mais pobres na confiança, motivação e interesse em assuntos financeiros, com estudantes mais ricos pontuando mais.

ONDE OS JOVENS APRENDEM SOBRE DINHEIRO?

Acompanhando a tendência de outros países, a principal fonte de informações dos jovens brasileiros sobre dinheiro é em casa, com os pais e outros responsáveis. 89,8% dos brasileiros aprende sobre finanças no ambiente doméstico. As outras fontes foram, em ordem decrescente: Internet (80,6%), televisão ou rádio (61,2%), professores (46,2%), amigos (43%) e revistas (32,1%).

CONCLUSÕES

O PISA nos fornece indicadores que permitem avaliar de forma precisa o panorama da educação financeira, como o desempenho geral em educação financeira e a ainda uma baixa exposição dos estudantes a finanças nas escolas. Há diferenças na exposição de meninos e meninas a decisões financeiras, e se observa disparidades significativas no conhecimento financeiro de estudantes de classes mais altas e mais baixas. Por outro lado, vemos que a motivação e interesse dos estudantes brasileiros em aprender sobre finanças não está abaixo do cenário global. Temos espaço, portanto, para investir na educação financeira dos jovens, encontrando pessoas interessadas no tema e dispostas a aprender.

Um desafio importante, apontado pela pesquisa, é que ainda não é com o professor que a maioria dos alunos acessa informações sobre finanças/educação financeira, o que mostra uma oportunidade importante ampliar os programas de educação financeira nas escolas brasileiras. O Brasil é o 13º colocado na lista que avalia o quanto os alunos são expostos a conceitos financeiros nas escolas.

E você, leitor? Como acha que pudemos mudar essa realidade?

Fonte: Penso, Logo Invisto ?

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